O
prédio, considerado, até o início do século XX o mais imponente do centro da
cidade, abrigou o famoso e histórico Banco Comercial e Hypothecário de Campos,
o Banco Vovô, cujas atividades tiveram início em 1º de Maio de 1873, em sua
primeira sede localizada à Rua Beira Rio, 161 (que já se chamou Rua Pedro II e
hoje Avenida 15 de Novembro), no palacete que pertenceu aos herdeiros de
Cândido Francisco Viana.
Quem
assinala os fatos é o escritor Júlio Feydit, em sua obra “Subsídios para a História de Campos dos Goytacazes” (pag. 466-469),
registrando o momento de crescimento econômico da cidade, justificando,
inclusive, a instalação aqui da Caixa Econômica Federal, em 21 de setembro de
1834, ainda no tempo da Vila de São Salvador dos Campos dos Goytacazes, que
somente se tornaria cidade a partir de 28 de março de 1835. Foi a única vila
brasileira a possuir uma casa bancária.
O
escritor cita o caso da criação, em 14/07/1888, da Caixa Depositária de Campos
e a liquidação da Caixa Econômica, sob a inspeção do funcionário designado pelo
governo. Consta, ainda, a criação da Caixa Filial do Banco Comercial e Agrícola
do Rio de Janeiro, segundo nos informa:
Desde muito tempo, que se desejava em Campos um estabelecimento de
crédito. A Caixa Econômica havia mostrado, pela afluência de capitais, que
Campos precisava de um estabelecimento mais completo, e nela não encontravam o
comércio e a lavoura os capitais para seu desenvolvimento, porque só era
empregados em apólices da dívida pública; por esses motivos foi instalada a
Caixa Filial em 1º de agosto de 1859. Dois anos depois, a 31 de janeiro de
1862, essa casa bancária começou a liquida. Nesse lapso de tempo havia
descontado 1.600 letras no valor de quatro mil cento e tantos contos, tendo
pago aos mutuantes perto de cem contos, e, deduzidas as suas despesas, ficara
com o lucro de mais de cinquenta contos.
Também
são registradas a existência da Casa Bancária do Caldeira, segundo relato nos
jornais, dando conta de sua inauguração em 24 de maio de 1862, mesmo ano em que
se fundou, ainda, o Banco de Campos, em 5 de dezembro. Sobre este banco, Feydit
faz o seguinte relato:
(...) O Banco Hypothecário, graças aos seus diretores serem estrangeiros,
e por essa razão não terem envolvido na política local, não tem confiado os
seus capitais senão àqueles que merecem crédito; não seguindo o mau exemplo do
Banco de Campos, onde o crédito era bitolado pela influência eleitoral de que
dispunha o proponente; e, em vez capitais serem fornecidos em pequenas somas ao
comércio, que é o fornecedor da lavoura a esta ou a seus representantes, foi
entregue a maior parte dos capitais que em má hora foram confiados a diretores
ineptos, a seus correligionários políticos (...).
Mas,
o Banco Hypothecário, o quarto estabelecimento de crédito em antiguidade no
Brasil, somente ocupou o elegante prédio em 1896, conseguindo se manter firme
até mais ou menos nos anos 80 do século passado, quando foi absorvido,
comercialmente, pelo Bamerindus que, por sua vez, foi igualmente absorvido pelo
Itaú.
Atualmente
o prédio, devidamente restaurado, abriga o Complexo de Comunicação Terceira
Via.
Inventário em: 20/10/2014 –
Valdimir da Silva Salino
Responsável: Orávio de Campos
Sores.
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